29/12/2020
Faz sentido para um brasileiro ter ações americanas?
No episódio do podcast Stock Pickers, nosso sócio Gabriel Raoni fala mais sobre BDRs:
Todo investidor deveria ter uma parcela do seu dinheiro em dólares. A diversificação entre países, moedas, empresas e classes de ativos talvez seja o único almoço grátis do mercado financeiro. Por meio da diversificação, o investidor consegue reduzir drasticamente o risco de sua carteira de investimentos sem abrir mão de retorno em potencial.
Quer um exemplo? Nossos dois principais fundos, o IP Participações e o IP Value Hedge, não registraram nenhum ano de perdas desde 2009. O Brasil passou por vários momentos ruins, recessão aguda, crises políticas e impeachment no período. O Ibovespa chegou a recuar 50% de sua máxima histórica. A exposição a ações americanas foi a chave para que nossos fundos seguissem performando bem mesmo nesse cenário.
Até poucos anos atrás, os fundos da IP eram uma das poucas alternativas para o investidor brasileiro acessar o mercado internacional sem ter que fazer todo o trâmite de envio do dinheiro para o exterior. A boa notícia é que as alternativas de investimento internacional cresceram exponencialmente nos últimos anos.
Recentemente, a B3 deu sua contribuição ao permitir que investidores em geral tivessem acesso à negociação de BDRs (Brazilian Depositary Receipts). O BDR é um recibo lastreado em uma ação negociada em outra Bolsa no exterior. Ou seja, se você comprar um BDR do Google na B3, comprará um recibo que vale uma ação ou uma fração de ação da empresa negociada nos Estados Unidos. Portanto, o BDR segue o preço das ações equivalentes lá de fora, com o ajuste da diferença cambial.
A IP utiliza BDRs como forma de investir no exterior. Fundos brasileiros voltados para o público em geral possuem uma restrição de 20% em investimentos no exterior ou de 40% no caso de fundos que só podem ser acessados por investidores qualificados. A forma que a IP encontrou para superar essa limitação foi usar os BDRs para chegar ao percentual desejado de ações internacionais na carteira – hoje cerca de dois terços de nossos fundos estão alocados em ações americanas.
Mercado de BDRs cada vez mais maduro
O mercado de BDRs no Brasil tem crescido rápido desde que foi liberado para os investidores em geral. O número de opções de ativos é cada vez maior e inclui BDRs de ações, Reits (fundos imobiliários americanos) e ETFs (fundos com cotas negociadas em Bolsa). Esse amadurecimento fez com que o spread entre os BDRs e as ações negociadas lá fora recuasse nos últimos meses. Quando você compra um BDR da Netflix, da Tesla ou do Google, o ágio que você paga em relação ao preço no exterior costuma ser entre 0,10% e 0,15% – algo muito menor que no passado.
Muita gente critica os BDRs por uma suposta restrição de liquidez. Isso é um erro conceitual, já que muita gente confunde liquidez – a possibilidade de comprar e vender um ativo sem distorcer seu preço – com volume negociado. Os BDRs ainda têm um volume baixo de negócios na B3. Mas a liquidez é imensa, já que, caso você queira comprar um lote grande, um formador de mercado vai comprar a ação lá nos EUA e entregar o recibo para você aqui. O que interessa, portanto, é a liquidez lá fora – que é brutal no caso das grandes empresas americanas.
Nesse espisódio do podcast Stock Pickers, nosso sócio Gabriel Raoni fala mais sobre BDRs: https://open.spotify.com/episode/0OwQQ1nWajB9Sz42sbBghV?si=g8VDNLvdSceHjy9iCE4xlw